Evangelho
Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 2 Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3 Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: "A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?" 4 Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5 Depois lhes disse: "Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?" 6 E eles não foram capazes de responder a isso.
— Palavra da Salvação.
Reflexão
1. Detalhes importantes a serem observados: Jesus vai comer na casa de um dos chefes dos fariseus num dia de sábadocom outros fariseus e está sendo observado por eles. Nesse banquete, Jesus é espiado, investigado, pois a intenção de quem o convidou não é ser cortês, amigo, mas promover armadilhas. Por outro lado, Jesus propõe o Reino de Deus, dando a todos a possibilidade de reconhecerem a dignidade humana e seu valor diante de Deus.
2. Jesus provoca os fariseus ao curar um hidrópico (alguém com um inchaço provocado por um acúmulo de líquido em algum tecido ou cavidade, talvez a chamada “barriga d’água”, “pernas inchadas” ou “coração inchado”). "É permitido curar em dia de sábado, ou não?" Silêncio total por parte dos mestres da Lei e dos fariseus. Curar quer dizer, em outras palavras, libertar e ampliar a compreensão quanto à natureza e o poder de Deus, bem como sinalizar o domínio de Deus na natureza e sobre ela. Com isso, Jesus se revela Aquele por Quem se estabelece a Libertação e presença do Reino de Deus na terra, entre os homens. Sua presença dá ao homem a possibilidade de se descobrir como ser dotado de dignidade e liberdade, transcendência e relacionalidade, imagem e semelhança com Deus também nas atitudes. Jesus mostra que a Lei está a serviço da salvação do homem, de sua libertação, da realização do projeto salvífico de Deus para toda a humanidade.
3. Jesus conduz os fariseus e seus discípulos à origem do significado da Lei, posta para condição de libertação humana em Deus. Quando o homem se torna escravo da Lei, significa que tal lei está sendo usada para outros objetivos, muitas vezes para facilitar o domínio de uns sobre outros, para justificar suas ações bárbaras, suas intenções desumanas de interesse pessoal. Em nome de Deus, muitos exploram a outros, traem os "amigos", sugam a vida, a força e os bens dos mais desfavorecidos. Em nome de Deus, o "homem da lei" age como se fosse a "inteligência" do próprio Deus, seu guia e última palavra.
4. Para ser discípulo de Jesus Cristo, é necessário, antes de tudo, libertar-se de si mesmo para, somente depois, colocar-se como um papel em branco nas mãos de Deus, permitindo-Lhe escrever o que Ele deseja na Sua infinita bondade. É necessário descobrir a vontade libertadora de Deus, ser do jeito de Jesus: todo do Pai e todo para o bem da humanidade. Ele próprio se colocou totalmente à disposição da salvação do homem. Ele, que é a nossa Lei, é todo oblatividade. O discípulo não pode ser diferente. É importante que o discípulo dos tempos atuais, tendo em mãos a Palavra de Deus, todo o corpo doutrinário da Igreja e tudo o que pela Igreja já foi realizado de bom para o bem da salvação de todos, com ânimo e fé, ponha-se na estrada do bem, promova a justiça e a paz, crie um ambiente de solidariedade e fraternidade, elimine toda possibilidade de ver o outro como um inimigo, mas como possibilidade de salvação. O discípulo entenda que o cumprimento do sábado é o domingo da ressurreição, dia da nova criação, da nova história, dia da libertação, da vitória sobre o mal, sobre a morte e sobre o pecado, o dia da Nova e Eterna Aliança; dia, portanto, de viver para Deus e para a realização salvífica do homem.
Um forte e carinhoso abraço.
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