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Foto do escritorJosé Erinaldo Ferreira de Lima

Lc 13,22-30. Quarta-feira da 30ª Semana do TC, 30 de outubro de 2024.

Evangelho


Naquele tempo, 22 Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23 Alguém lhe perguntou: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?" Jesus respondeu: 24 "Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. 25 Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: 'Senhor, abre-nos a porta!' Ele responderá: 'Não sei de onde sois'. 26 Então começareis a dizer: 'Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!' 27 Ele, porém, responderá: 'Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!' 28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. 29 Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30 E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos".

— Palavra da Salvação.


Reflexão


1. "Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém". No contexto de Lucas, Jesus é aquele que anuncia o Reino caminhando para Jerusalém. Jesus tem essa cidade como foco, de modo que a imagem que se pode ter Dele é a de um missionário incansável e itinerante, pregando durante o dia e pondo-se em oração durante a noite. Pelo dia, com o Pai e todo para os homens, à noite, no silêncio, todo para o Pai. Em Jerusalém, segundo Lucas, dar-se-ia a manifestação completa de Jesus, a manifestação definitiva do Reino de Deus (cf. Lc 19,11). O discípulo precisa descobrir o seu objetivo, o seu foco, seu horizonte. Além disso, necessita de ser alguém de fé, oração e decisão. Nunca temer as dificuldades, mas, silenciosamente, abraçar a verdade e, com amor, lutar até o final, confiando exclusivamente em Deus. Assim, Deus realizará tudo o que for para o bem salvífico de todos.

 

2. "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam". Duas coisas Jesus propõe aqui: corrigir a ideia de que somente o povo judeu será salvo e o entendimento de que ao Reino dos Céus tem acesso quem tem coragem de passar pela porta estreita. Pois bem, diante da pergunta, Jesus, antes de tudo, propõe a seus discípulos a capacidade de serem decididos, desapegados de privilégios e da falsa certeza de salvação. Além disso, que sejam altamente disponíveis à vontade de Deus e sejam capazes de enxergar a ação de Deus de modo universal. O discípulo não pode achar que Deus será só dele, só do seu povo, um deus escravo de seus interesses. É como se aquele discípulo vivesse o tempo todo segundo suas ideias, pensando no seu único futuro, e os outros, os de fora, como que perdidos, abandonados, sem salvação. Jesus corrige essa ideia maluca, fora do pensamento salvífico de Deus. O que vale para o Senhor não são as obras humanas, os títulos, as honras, os privilégios e a condição humana. Para Ele, o importante é que cada pessoa, especialmente o discípulo, pratique a justiça (cf. Sl 6,9).

 

3. Jesus corrige a ideia de uma religião mágica, da aparência; uma religião fácil, boazinha, irresponsável e desumana. O que está em jogo não é o que se pensa da salvação, mas o que Deus deseja para a humanidade inteira. Deus não quer só os judeus (os primeiros), mas toda a humanidade. Israel não é o povo único de Deus, mas aquele escolhido para ser um sinal salvífico para todos os outros. É evidente o interesse de Deus pela salvação daqueles considerados os últimos. O discípulo necessita descobrir sempre mais qual a vontade de Deus na sua vida e para o outro. Nunca se achar pronto, único e o melhor, mas sempre estar a caminho para “Jerusalém” com os outros e sendo servo dos demais. Certamente, não será fácil. A estrada não é mágica, mas real, com todas as suas dificuldades; a porta é estrita, mas facilita o ingresso a quem está decidido entrar para uma realidade nova. O segredo é ser totalmente disponível à vontade Deus, humilde em tudo o que deve fazer, servo no Servo, filho no Filho, e consciente de ser um semeador apaixonado da Palavra de Deus.

 

Um forte e carinhoso abraço

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