O DOMINGO é, cronologicamente, um dia como qualquer outro, contendo o mesmo número de horas e encabeçando o conjunto total dos oito dias constituintes de uma semana. No entanto, por motivos de ordem superior, ele se tornou o DIA por antonomásia. Para entendermos isso, vejamos alguns pontos cruciais.
No cristianismo, a razão de ser de tudo é o próprio Cristo. Para Ele, volta-se todo o Antigo Testamento, tendo Nele a realização de suas promessas, leis e profecias. Por Ele todas as coisas foram criadas, tudo existe Nele e para Ele.
Quando os tempos se completaram, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14). A Pessoa divina do Verbo assumiu a nossa natureza humana, a fim de torná-la divina, isto é, fazendo-nos participar de Sua natureza. Infelizmente, a humanidade O rejeitou, não lhe ofereceu acolhida nem boas vindas na Sua chegada. Seu nascimento aqui conosco foi marcado pela indiferença, desprezo e rejeição. Enquanto Ele trazia consigo a libertação e salvação do homem, a humanidade dava-lhe as costas.
Na potência do Espírito Santo, agiu na história fazendo o bem, curando, realizando milagres, expulsando demônios e ensinando sobre o Seu Reino e, ainda, sobre Si mesmo, afirmando ser "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6), condição única de salvação, pois "ninguém vai ao Pai senão por mim". Apresentou-se, ainda, como a imagem visível do Deus invisível (cf. Cl 1,15), o Enviado do Pai (cf. Jo 6,29), o Amado Filho (cf. Mt 3,17; Mc 9,7 pars), Palavra única de salvação. Contemplando-O no Monte Tabor, Seus mais íntimos apóstolos puderam perceber Sua mais profunda realidade: Ele é Aquele que conduz a Lei e a Profecia à plenitude, é Aquele para quem se volta toda a Sagrada Escritura do Antigo Testamento, é a Chave de interpretação das Escrituras e Aquele a partir do Qual poder-se-á viver segundo a vontade do Pai, que "disse tudo por meio do Seu Filho" (S. João da Cruz).
A Lei é uma pedagoga, teve sua função até Cristo, Palavra definitiva do Pai. A partir de Jesus Cristo, não vivemos mais segundo a Lei, mas segundo o Filho de Deus, que, diferentemente da Lei, salva-nos. É por isso é que o SÁBADO da Antiga Aliança, importante no âmbito da Lei, voltava-se para o DOMINGO da Nova e Eterna, no qual encontrou sua realização. Ou seja, o Sábado foi planificado no Domingo da Ressurreição, de modo que não se pode falar na destruição dele. Enquanto dia da Lei, ele não tem mais sentido para nós cristãos, porque já vivemos no tempo da graça salvífica, no DIA da Nova Aliança em Jesus Cristo. Voltar ao Sábado seria negar o Cristo e apegar-se novamente à Lei.
O DOMINGO é o DIA da vitória sobre a morte. Na Sexta-feira da Paixão, Jesus venceu o Diabo e o pecado, afirmando Seu SIM ao Pai. Na madrugado do Domingo, Ressurgiu do mortos, vitorioso, Ressuscitado. Mediante Sua Ressurreição, garantiu todos os mistérios anteriores, como encarnação e redenção, além de tornar sumamente importante a Lei, as Profecias e as Promessas do Antigo Testamento. A partir de Sua Ressurreição, Pleno do Espírito Santo, preenche Sua Igreja, forma o Novo Povo de Deus, garante a Nova e Eterna Aliança, cria a nova história com Sua graça, dá sentido à existência humana, determinando o DOMINGO como o DIA do Novo Adão, da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, do Início dos novos tempos e da missão histórico-escatológica.
O DOMINGO é o DIA em que o Pai disse SIM ao Filho, libertando-O da morte, e, ao mesmo tempo, corrigindo aqueles que O mataram como se fosse o maldito Seu. Esse dia traz a mais pura e perfeita correção à monstruosa injustiça dos líderes judaicos e políticos ao Filho Amado do Pai. Mataram Jesus como se fosse uma desgraça, um maldito do Senhor (cf. Dt 21,23), mas foram corrigidos, humilhados e destruídos pela Ressurreição operada pelo Pai mediante o Espírito Santo. Por isso, esse é o DIA do Mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Santo; é o DIA da mais elevada resposta de Amor de Deus pela humanidade, pois se Jesus não tivesse ressuscitado, o ser humano nunca mais teria rumo na sua vida. Ao ressuscitar Jesus, o Pai aceitou toda Sua vida a Ele dedicada, Seu SIM e o Seu perdão por todos quando ainda estava na cruz.
O DOMINGO é o DIA do mais importante Banquete de todos os tempos: a Santa Missa. Duplamente, o Senhor Se oferece por nós: na Palavra e na Eucaristia. Podemos dizer que o Pai nos dá, como alimento, Seu próprio Filho, pois configurados a Ele pro ação do Espírito Santo, damos a verdadeira glória ao Pai. A Igreja entendeu isso logo cedo (cf. At 20,7; Ap 1,10; 1Cor 16,2). Além dos textos inspirados, encontramos também no apócrifo de Barnabé informação sobre a importância desse DIA (cf. 15,6-8). É grande a lista dos que sempre se voltaram para o DIA do Senhor.
O Catecismo da Igreja Católica diz: "O domingo distingue-se expressamente do sábado, ao qual sucede cronologicamente, cada semana, e cuja prescrição ritual substitui, para os cristãos. Leva à plenitude, na Páscoa de Cristo, a verdade espiritual do sábado judaico e anuncia o repouso eterno do homem em Deus. com efeito, o culto da lei preparava o mistério de Cristo, e o que nele se praticava prefigurava, de alguma forma, algum aspecto de Cristo: 'Aqueles que viviam segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança, não mais observando o sábado, mas sim o dia do Senhor, no qual a nossa vida foi abençoada, por Ele e por sua morte' (S. Inácio de Antioquia, Aos Magnésios. 9,1)" (CIC 2175). "A celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor constitui o cerne da vida da Igreja. 'O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como o dia de festa por excelência' (cân. 1246)" (CIC 2177).
"O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor: 'Nos domingos e nos outros dias de festa de preceito os fiéis têm a obrigação de participar da missa' (Cân. 1247). 'Satisfaz ao preceito de participar da missa quem assiste à missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia de festa ou à tarde do dia anterior' (cân. 1248)" (CIC 2180).
Pois bem, vivendo num mundo de ilusões, falsificação de quase tudo, deturpação da ciência, manipulação de dados, desejos ardentes de poder, riquezas e prazeres dos mais diversos, facilitados por ambientes "minados" por ideologias contrárias à fé cristã, líderes comprometidos ou com corrupção ou com ideias de domínio materialista, desvinculados da verdade da pessoa quanto à sua vocação primeira de comunhão com Deus, qualquer imposição governamental será como que um sinal de manipulação das coisas mais essenciais para a vida da pessoa humana, recebendo apoio dos que vivem à toa de suas próprias obrigações.
O relativismo, em profunda intimidade com o subjetivismo, tem determinado as regras de atuação de muitos líderes políticos e religiosos do mundo inteiro. Para eles não há limites de ação desde que conquistem seus mais abjetos objetivos. Pelo fato de muitos grupos e movimentos investirem pesado em seus interesses, não medem esforços para conquistarem "terrenos" propícios para a realização de seus intentos, como, por exemplo, o espaço político corrupto. Como a religião cristã é, de fato, um grande obstáculos a interesses anti-humanos, então convém agir num processo de desmantelamento da fé, desequilíbrio nas coisas mais essenciais e na hierarquia, desgastes desnecessários entre membros da mesma fé. Além disso, saindo do "armário" a famosa onda para o estabelecimento de uma "Ordem Mundial", determinada a estabelecer legalmente toda sorte de desequilíbrios humanos, também uma falsa fraternidade universal, acompanhada pela criação de uma religião não hierárquica, doutrinal e ascética, age-se, com todo empenho, na destruição da fé tradicional, doutrina e culto. Faz tempo que a Igreja sofre perseguição agua em outras partes do mundo, mas agora, nesses tempos, está sendo agredida na sua doutrina, direitos e cultos. Aumenta sempre mais o ódio pela Igreja de Jesus Cristo. O mundo não suporta a doutrina da Igreja, por isso, ele parte com toda sua força para destruí-la naquilo que lhe é mais essencial: O Mistério Pascal da Santa Missa, especialmente no DOMINGO, Dia da Aliança de Deus com os que Ele quis como Filhos e Discípulos Amados.
Pe. José Erinaldo
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