ATANASIANOS
Sagrada Escritura
A Igreja católica reconhece na Bíblia a presença de 73 livros, dos quais 46 pertencem ao AT e 27 ao NT. As Igrejas evangélicas, invés, tem 7 livros em menos no Antigo Testamento, enquanto o Novo Testamento é igual em todas as Igrejas.
O elenco dos livros inspirados é chamado, ao menos a partir do século IV d.C., com o nome de “cânon”, uma palavra que nos primeiros séculos do cristianismo significava norma, regra de fé e da verdade, sem uma explicita referência às Escrituras.
O vocábulo “cânon” é um descendente direto, através do grego e do latim, de uma palavra semita que significa “cana”(kaneh em hebraico) . Por ser longa, fina e reta, a cana pode ser usada para medir, como hoje usamos o metro; por isso, a palavra para cana veio a denotar uma vara de medida, depois, por extensão metafórica, uma regra, um padrão, uma norma.
Com o tempo ela serviu tanto para ser uma medida quanto para representar padrão de alguma coisa, de norma de vida, por exemplo.
A partir do Sínodo de Laodicéia (360), os livros da Bíblia são chamados canônicos por que a Igreja os reconhece como normativos para a fé e para a vida dos fiéis sobre a base do seu conteúdo objetivo.
e baixe o material para estudo.
CÂNON BÍBLICO
Cânon = modelo (latim); vem do original grego Kanon (κανων) = cana = medida, isto é, um instrumento usado para medir na época bíblica; régua de caniço (Ez 40,3.5); campo determinado (2Cor 1013.15); norma de vida (Gl 6,16). No sentido eclesiástico: “a Igreja Católica considera como inspirados e que, por conseguinte, são a base e o critério de sua pregação do mistério da salvação ‘segundo as Escrituras’”[1].
“O Cânon é um elemento essencial da revelação bíblica; foi constituído definitivamente pela Igreja do tempo dos apóstolos, como norma para todos os tempos. Portanto, não é apenas documento histórico da pregação apostólica. É a pregação apostólica enquanto ‘canonizada’”[2]. Ora, “se a Igreja dos apóstolos estabeleceu um cânon, então os documentos da Igreja antiga que testemunham a busca de uma lista de livros sagrados são mai do que fenômenos puramente históricos. O cânon e a inspiração transcendem os dados de uma pesquisa puramente histórica”[3].
“A Igreja Católica pronunciou-se sobre o cânon no Concílio Tridentino (Denz 783s), redigindo a lista completa dos escritos do AT e do NT. Como critério para a canonicidade e a integridade dos livros ficou estabelecida a tradição da Igreja na leitura bíblica e a conformidade com a Vg. Sobre quem não aceitasse essa norma, o Concílio pronunciou o anátema, não pretendendo, porém, dar uma definição dogmática; isso fez só o Concílio Vaticano I (Denz 1809), adotando inteiramente os pontos de vista do Tridentino. Um problema à parte é se algum escrito inspirado da era apostólica pode se ter perdido antes ou mesmo depois de ter sido colocado no cânon. O problema é formulado em relação com a dificuldade que surgiria se tal escrito perdido fosse reencontrado, p. ex., 3Cor (cf. 1Cor 5,9)”[4].
Cânon bíblico: lista dos livros inspirados que formam a Bíblia, os quais dão testemunho autorizado da revelação de Deus, servindo como norma de procedimento cristão, e como critério ou régua, através dos quais se mede e julga correto e justo um pensamento ou doutrina (cf. Gl 6,16; IITm 3,16)”[5].
Significado da palavra Bíblia
A palavra Bíblia vem do grego βιβλιον e significa: livros. Os gregos usavam a folha do papiro para escreverem nela. A essa folha, eles davam o nome de βιβλοζ “biblos” (a entrecasca do papiro - planta). Então, a Bíblia, sendo o plural (βιβλια) é uma coleção de “rolos escritos”, uma coleção de livros. Essa palavra foi usada, possivelmente, pela primeira vez, por volta do século IV (398-404 d.C), por são João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla.
Definição canônica da Bíblia: “A revelação de Deus e de sua obra salvífica à humanidade e para a salvação desta”.
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II Tm 3,16-17: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra”.
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II Pd 1,20-21: “Antes de mais nada, sabei isto: que nenhuma profecia da Escritura resulta de interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens impelidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus”.
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Jr 36,2a: “Toma um rolo e escreve nele todas as palavras que te dirigi a respeito de Israel, (...)”.
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Livro humano e divino:
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Humano: cultura, geografia, gêneros literários, temperamentos, formas de pensar, capacidade intelectual, disposição para Deus e idade.
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Divino: iniciativa da Revelação, inspiração, mensagem, interpretação, finalidade, proteção, inerrância e realização.
Curiosidade: a Sagrada Escritura tem 1.534 capítulos e 35.568 versículos. Por causa de seus interesses, os protestantes diminuíram a Bíblia, deixando-a com 1.189 capítulos e 31.163 versículos. Ou seja, a diminuição foi de 345 capítulos e 4.405 versículos.
Nomes da Bíblia que aparecem na Bíblia:
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Escrituras – Mt 21,42.
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Sagradas Escrituras – Rm 1,2.
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Livro do Senhor – Is 34,16.
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Oráculos de Deus – Rm 3,2.
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Palavra de Deus – Mc 7,13; Hb 4,12.
LÍNGUAS DA BÍBLIA[6]:
Hebraico, Aramaico e Grego
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Em Hebreu: - a maior parte do Antigo Testamento.
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Em Aramaico: - Tobias – Judith - Fragmentos de Esdras, Daniel, Jeremias e do Gênesis- o original de São Mateus.
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Em Grego: - o livro da Sabedoria - o II Macabeus - o Eclesiástico - partes de Esther e de Daniel - o Novo Testamento, menos o original de São Mateus.
LITERATURA IMPORTANTE PARA O ENTENDIMENTO BÍBLICO DE ISRAEL
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Midrash (Midraxe):
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Exegese rabínica, muito minuciosa, verso por verso e, às vezes, letra por letra, do AT.
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Vem o termo hebraico “darash” (perscrutar, procurar, explicar, investigar).
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Na literatura rabínica, trata-se de um estudo, um comentário ou uma explicaçãoo de caráter homilético do A.T.
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Objetivo: aplicação prática do texto ao presente.
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O midrásh encontra-se exclusivamente na literatura judaica.
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Algo sério e extremamente importante no desenvolvimento do pensamento judaico e da Igreja primitiva.
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Não foi uma explicação definitiva da Bíblia (J. L. Mckenzie).
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Dois tipos de Midrash:
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Halakhah – “caminho”, “conduta”. Trata-se de uma explicação da Lei.
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Haggadhar – “narração”, uma explicação das passagens narrativas do Pentateuco, objetivando extrair delas lições edificantes (H. Schlesinger). É meditação edificante sobre um antigo discurso bíblico, reconstrução imaginosa de um episódio ou construção de um episódio fictício, ocm base nos princípios deduzidos do material bíblico.
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Exemplos de midrásh no A.T.:
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Midraschim (pl.): relatos que não têm a intenção de registrar a história do passado, mas sim de extrair ensinamentos da tradição bíblica:
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os relatos da criação (Gn 1);
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do dilúvio (Gn 6,9-22);
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do episódio dos patriarcas (Gn 12ss);
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do Êxodo (Ex 14ss)
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da Aliança (Gn 19ss)
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No Novo Testamento:
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Mt 2,1-12, escrito com base na reutilização de Nm 24,17;
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Mt 2,13-15 – com base em Os 11,1;
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Mt 2,16-18 – com base em Jr 31,15;
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Mt 2,23 – liga Nazaré com Jz 13,5 e com Is 11,1;
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Mt 27,3 reúne Zc 11,12ss e Jr 32,6-15, aplicando-os.
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Lc 1-2 – com base em uma antologia de citações extraídas do AT e apropriadas ao nascimento do Messias.
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Paulo também recorre muitas vezes ao midrasha para aplicar o AT a um fato cristão (Gl 3-4).
TORÁ ESCRITA E TORÁ ORAL
Torah oral:
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O termo Torah em hebraico é “instrução” ou “lei”.
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O uso alterou-se até formar o Pentateuco em particular e ainda a Bíblia hebraica: a Torah escrita, mas continuou sendo usada para designar os ensinamentos dso sábios, referindo-se ou não à Torah escrita.
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Importantes sábios da geração de antes e depois da destruição do Segundo Templo reconheceram dois Torot: um escrito e outro oral.
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Os sábios somente consideravam como textos fixos as palavras de Deus faladas a Moisés e aos profetas e anotadas no Pentateuco e nos livros proféticos da Bíblia.
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No entanto, havia uma longa tradição de escrever livros a partir do início do período do Segundo Templo[7].
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Os autores de Esdras e Neemias, e especialmente 1-2 Crônicas, tinham diante de si o Pentateuco e os Profetas editados por escrito e, ao escrever, comentaram-nos de modo semelhante à posterior Torah oral. Mais tarde, foram escritos livros, como o Apocalipse de Esdras, em círculos próximos aos sábios; livros que expõem e desenvolvem o que era aceito como Escrituras estabelecidas.
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A existência de tradições orais aparece documentada em vários escritos da época do Segundo Templo.
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A Torah oral admitia grande diversidade e flexibilidade dentro do encaixe das atitudes e dos conceitos geralmente aceitos.
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Do ponto de vista histórico, a Torah oral cobria todos os aspectos práticos da vida pública e privada naquele tempo e tratava da série mais ampla possível de questões religiosas e teológicas.
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A partir da perspectiva literária, incluía vários gêneros classificados como: Midrashim, Halakhot e Haggadoth. Além disso, acrescenta-se oração e Targum (pl. Targumim: traduções, comentários em aramaico da Bíblia hebraica desde o Segundo Templo até a Idade Média).
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O próprio conceito de Torah oral era mantido pelos sábios, a fim de preservar a fluidez de sua tradução e de sua abertura à mudanças e desenvolvimentos. Na Torah oral há muitas inovações em todas as áreas de pensamento e da vida.
Torah escrita – um cânon dual
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Na crise do séc. VI a. C., a partir do exílio da Babilônia, os textos sagrados tornaram-se necessários para a manutenção de identidade de Israel.
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A Bíblia se tornou o livro do povo judeu e este, por sua vez, o povo do livro.
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A crise dos macabeus ocasionou uma recompilação mais precisa dos livros sagrados.
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A partir do séc. I d. C., exigiu a reafirmaçãoo da identidade judaica mediante a definitiva fixação do cânon.
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Foram as tradições orais, nem sempre concectadas com a Bíblia, que impulsionaram desenvolvimentos nterpretativos, como os da Mishnah e os midrashes rabínicos que, particularmente a partir dos anos 70 e 135, conduziram à “rejudaização” da Bíblia própria do judaísmo rabínico.
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No judaísmo, o destinado a interpretar o cânon, a Torah oral, chegou a ser, por sua vez, “cânon”.
A SAGRADA ESCRITURA NASCEU EM UMA COMUNIDADE DE FÉ SOB A INSPIRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
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Cristo, considerado a Torah oral, passou a ser a CHAVE para interpretar as Escrituras (Davies).
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Estruturalmente encontram-se em paralelismo funcional a Torah oral dos rabinos e o Evangelho dos cristãos. Uma e outro filtram, reinterpretam, completam a Torah escrita ou o A.T. respectivamente (Pérez Fernández).
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A soberana liberdade de compreensãoo da Escritura por Jesus expressa-se em que sua palavra e obra não são resultado da explicação da Escritura, mas ao contrário: a explicação válida da Escritura segue-se do agir e do dizer de Jesus (cf. Mc 1,22 – Holtz).
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O Reino de Deus que Jesus prega não rompe com o Judaismo de sua época, mas continua na linha da Lei-Profetas-Sábios com um espírito profético e apocalíptico, tanto que os tanaítas (professores sucessores dos escribas da época de Esdras e Neemias), seguindo a tendência dos fariseus e escribas do tempo de Jesus, elaboram um sistema hermenêutico que contempla a mesma sequência dos livros bíblicos como Escritura Sagrada e como tal já está concluída (Pérez Fernández).
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A comunidade de fé, sob ação do Espírito Santo, reconhece essa Escritura como canônica e normativa.
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Tanto na comunidade judaica como na cristã manifesta-se a convicção de que determinados escritos são normativos para a fé e para a vida da comunidade.
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A consciência de uma literatura normativa acentua-se em momentos em que está em perigo a identidade religiosa da comunidade (Sánchez Caro).
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O judaísmo rabínico antecipou-se à Igreja na delimitação de um cânon, restringido aos livros hebraicos, enquanto o antigo Cristianismo manteve como Escrituras livros gregos dos LXX.
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Por sua vez, o Cristianismo primitivo precedeu o Judaismo mishnaico no calor de sua própria tradição oral. Muito tempo antes da recompilação da Misnáh (redação da tradição oral: Torah oral) tinha concluído a composiçãoo escrita das tradições de e sobre Jesus que foram sendo integradas no cânon do N.T.
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A comunidade de fé confere valor e autoridade a certos textos porque considera que lhe são próprios por tratar de Deus em sua relação com os seres humanos (Smith).
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O Judaísmo pode ser definido como a religião da dupla Torah: a Torah escrita e a Torah oral, da mesma forma que o Cristianismo é a religião dos dois Testamentos (Trebolle).
DENOMINAÇÃO DA BÍBLIA COMO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS
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O herege Marcião procurou desenvolver um cânon especificamente cristão contraposto a um cânon judeo-cristão. Foi ele quem deu o nome de Novo Testamento, compreendendo assim Antigo Testamento e Novo Testamento como duas entidades separadas e desvinculadas (Ramón Trevijano).
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Os teólogos logo perceberam que essa divisão marcionista da Bíblia poderia ser entendida não somente em sentido antijudaico, mas também em u sentido antimarcionista:
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Servia para realçar a continuidade entre a antiga e a nova aliança;
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A descontinuidade ante os judeus.
LISTA DOS LIVROS BÍBLICOS
Segundo estudos atuais – a Bíblia começou a ser escritas a partir do século IX a.C. O último livro do A.T. a ser escrito foi Sabedoria, por volta do ano 50 a.C.
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Antigo Testamento: Que são todos os livros escritos a partir do séc. XV a.C. até o nascimento de Cristo. Contém a Lei de Deus dada a Moisés, a história do povo de Israel e suas reflexões, bem como a previsão da vinda do Messias, que se deu com a vinda de Jesus Cristo.
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Novo Testamento: Que são todos os livros escritos após a vinda de Jesus até o final do séc. I d.C. Traz a vida e as obras de Jesus, a criação e a expansão da Igreja, além de documentos de formação do povo cristão.
DIVISÃO CONFORME O CONTEÚDO
Antigo Testamento:
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Livros da Lei: também chamados de Pentateuco, isto é, os "cinco livros" de Moisés, que abrem a Bíblia, e falam da Criação de Deus e da formação de seu Povo Eleito: Israel.
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Gênese
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Êxodo
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Levítico
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Números
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Deuteronômio
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Livros Históricos: são os livros que descrevem as guerras de Israel, bem como a história de seus reinos.
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Josué 6. II Reis 13. Judite
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Juízes 7. I Cônicas 14. Ester
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Rute 8. II Crônicas 15. I Macabeus
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I Samuel 9. Esdras 16. II Macabeus
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II Samuel 11. Neemias
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I Reis 12. Tobias
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Livros Didáticos: ou sapienciais, apresentam a sabedoria e poesia dos hebreus.
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Jó
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Salmos
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Provérbios (atribuído a Salomão)
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Eclesiastes (atribuído a Salomão)
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Cântico dos Cânticos (atribuído a Salomão)
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Sabedoria (atribuído a Salomão)
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Eclesiástico (do filho de Sirac)
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Livros Proféticos: foram escritos por profetas que pregavam o arrependimento e preparavam o povo eleito para a chegada do Messias Salvador.
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Isaías 7. Oséias 13. Naum
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Jeremias 8. Joel 14. Habacuc
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Lamentações 9. Amós 15. Sofonias
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Baruc 10. Abdias 16. Ageu
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Ezequiel 11. Jonas 17. Zacarias
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Daniel 12. Miquéias 18. Malaquias
Novo Testamento
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Livros do Evangelho: narram a vida, os ensinamentos, os milagres e a obras do Messias Jesus Cristo.
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Mateus
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Marcos
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Lucas
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João
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Livro Histórico: apresenta a instituição e expansão da Igreja Cristã, primeiro na Palestina e, a seguir, no mundo até então conhecido.
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Atos dos Apóstolos
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Epístolas: são as doutrinas e exortações escritas por alguns Apóstolos de Cristo e encaminhadas a comunidades ou fiéis cristãos.
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Epístolas de S. Paulo
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Romanos 8. 1Tessalonicenses
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1Coríntios 9. 2Tessalonicenses
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2Coríntios 10. 1Timóteo
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Gálatas 11. 2Timóteo
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Efésios 12. Tito
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Filipenses 13. Filêmon
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Colossenses
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Epístolas Gerais
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Hebreus 5. 1João
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Tiago 6. 2João
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1Pedro 7. 3João
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2Pedro 8. Judas
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Livro Profético: traz a vitória de Cristo e sua Igreja sobre as forças do mal e o juízo final.
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O Apocalípse
ANTIGO TESTAMENTO – 46 LIVROS
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Gênesis
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Êxodo
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Levítico
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Números
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Deuteronômio
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Josué
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Juízes
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Rute
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Samuel - Livro I
-
Samuel - Livro II
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Reis - Livro I
-
Reis - Livro II
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Crônicas - Livro I
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Crônicas - Livro II
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Esdras
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Neemias
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Tobias
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Judite
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Ester
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Macabeus - Livro I
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Macabeus - Livro II
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Jó
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Salmos
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Provérbios
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Eclesiastes
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Cântico dos Cânticos
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Sabedoria
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Eclesiástico
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Isaías
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Jeremias
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Lamentações de Jeremias
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Baruc
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Ezequiel
-
Daniel
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Oséias
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Joel
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Amós
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Abdias
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Jonas
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Miquéias
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Naum
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Habacuc
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Sofonias
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Ageu
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Zacarias
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Malaquias
NOVO TESTAMENTO
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Evangelho de Mateus
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Evangelho de Marcos
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Evangelho de Lucas
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Evangelho de João
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Atos dos Apóstolos
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Epístola aos Romanos
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1ª Epístola aos Coríntios
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2ª Epístola aos Coríntios
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Epístola aos Gálatas
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Epístola aos Efésios
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Epístola aos Filipenses
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Epístola aos Colossenses
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1ª Epístola aos Tessalonicenses
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2ª Epístola aos Tessalonicenses
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1ª Epístola a Timóteo
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2ª Epístola a Timóteo
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Epístola a Tito
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Epístola a Filemôn
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Epístola aos Hebreus
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Epístola de Tiago
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1ª Epístola de Pedro
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2ª Epístola de Pedro
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1ª Epístola de João
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2ª Epístola de João
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3ª Epístola de João
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Epístola de Judas
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Apocalipse de João
A EXEGESE CRISTÃ AO LONGO DOS SÉCULOS
1. Os inícios.
Nos séculos I e II não temos um desenvolvimento sistemático da Exegese, mas os Santos Padres nos dão interpretações de passagens do AT e NT. Sublinhemos aqueles que mais se destacaram: São Clemente Romano, Santo Inácio, São Policarpo, São Justino e Santo Irineu.
2. Nos séculos III - V.
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A Escola da Alexandria do Egito.
Em Alexandria do Egito, já sede de comentários do AT antes da era cristã, pelos anos 200 de nossa era surgiu uma escola cristã de estudos da Sagrada Escritura por iniciativa de um certo Panteno. Nada temos de seus escritos. Seu discípulo Clemente de Alexandria e Orígenes foram os expoentes mais preclaros desta escola a quem pertenceram também Santo Atanásio, São Gregório de Nissa e São Gregório Nazianzeno.
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A Escola de Antioquia.
Fundada por Diodoro de Tarso em 392, desenvolveu uma exegese que dava muito valor ao sentido literal e típico. São João Crisóstomo (+407), Teodoreto de Ciro (+458), Teodoro de Mopsuéstia e Santo Efrém (+373), forma grandes nomes desta Escola.
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Escritores ocidentais.
Enquanto no Oriente floresciam escolas de Exegese, no ocidente surgiram muitos escritores que tratavam também do assunto, Lembremos, Tertuliano (+220), Hipólito Romano (+325), Santo Hilário (+367), Santo Ambrósio, São Jerônimo (+420), Santo Agostinho (+430), São Pedro Crisólogo (+452), Cassiodoro (+570) e São Gregório Magno.
3. O período entre os séculos VI e XI
Período sem progresso na exegese. Os escritores orientais mais em saliência foram: São João Damasceno (+750) e Fócio (+891), e os ocidentais São Isidoro (636) e São Beda (+735). Todos estes são cópias da época patrística.
4. Do século XII ao século XV
Renasce a exegese com Santo Alberto Magno (+1280), São Boaventura (+1274) e São Tomás de Aquino (1274). A Sagrada Escritura é interpretada, sobretudo, em seu sentido teológico. A filologia assume grande importância pois há interesse muito grande no estudo das línguas hebraica, aramaica e grega.
5. Séculos XVI a XVIII
Aqui cabe distinguir a Exegese católica daquela protestante.
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Interpretação católica.
Antes do Concílio de Trento, Erasmo de Rotterdam (+1534) e Caetano (1535) deixaram anotações sobre o NT muito duvidosas e arriscadas.
Depois de Concílio de Trento nós encontramos personagens importantes que trataram do assunto: Cornélio Alápide (+1637), São Roberto Belarmino (+1621), Bernardo de Picquigny (+1709) e Agostinho Calmet (+1757). Os dois últimos escreveram sobretudo a respeito do NT.
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Interpretação protestante.
Lutero (1546) e Calvino (1564) fizeram muitos comentários bíblicos. Exegeticamente sua importância é muito reduzida. Notáveis são os trabalhos de Grotius (1645), João Buxfort Pai (1629), João Buxfort Filho (1624) e João Lighfoot.
6. A Exegese do Nosso tempo.
Esta precisa de um capítulo à parte. Não cabe aqui uma história nem mesmo sintétíca. Os Exegetas se tornaram sempre mais numerosos quer em campo católico, quer em campo protestante. Foi fundada por Lagrange "L`école Biblique" de Jerusalém, apareceram muitas Revistas Bíblicas e Coleções de estudos bíblicos. Foi criada em Roma a Pontífícia Comissão bíblica e o Instituto Bíblico. Os textos dos comentários são sem fim.
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A Arquelogia e a Filologia[8], junto com muitas outras ciências auxiliares, cooperam para a solução de muitos problemas. As descobertas de Qumrã abriram um leque imenso de interpretações e compreensão do texto, aumentando sobremaneira os estudos especializados de Teologia Bíblica.
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Grandiosíssimo é o trabalho dos protestantes na nossa época. As conclusões deles coincidem sempre mais com as conclusões católicas, principalmente no campo das ciências bíblicas auxiliares. Quanto mais aprofundam, mais se aproximam da Igreja de Jesus Cristo e dos seus ensinamentos.
DIFERENÇA ENTRE BÍBLIA CATÓLICA E BÍBLIA PROTESTANTE
Guiada pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,12-13), a Igreja Católica organizou o Cânon Bíblico:
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“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8; CIC,120).
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Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).
Livros deuterocanônicos:
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Tobias,
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Judite,
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Sabedoria,
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Eclesiástico (ou Sirácida),
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Baruc
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1 e 2 Macabeus,
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Textos: Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.
Sínodo de Jâmia (sul da Palestina) – ano 100 d.C.
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Realizado pelos rabinos fariseus, que não suportavam nem os cristãos nem seus escritos: o Novo Testamento em grego.
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Determinaram os seguintes critérios para que um livro fizesse parte do cânon do A.T.:
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Escrito na terra santa;
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Em língua hebraica;
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Escrito antes de Esdras (455-428 a. C.);
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Sem contradição com a Torah ou lei de Moisés.
O que existe por trás desses critérios?
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Um combate à fé cristã;
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Um forte nacionalismo consequente do retorno do exílio da Babilônia;
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A fragilidade dos líderes de Israel diante da fé cristã.
A Igreja Católica e o Cânon Bíblico
Os Apóstolos e Evangelistas usaram a Bíblia de tradução grega, mais completa, com livros escritos em língua greja. Conta-se que o rei do Egito, Ptolomeu tomou 70 sábios judeus, conhecedores da língua grega e os mandou traduzir a Bíblia hebraica (restrita) para o grego por volta dos anos 250-100 a.C. Daí porque é chamada Septuaginta ou versão dos Setenta (completa). Pode-se ainda acrescentar que, devido a deportação de judeus, por Alexandre Magno, e mais tarde também por Antíoco Epífanes (175-163 a.C), eles levaram consigo a Bíblia hebraica e foram habitar no norte da África, em Alexandria, onde se formou uma comunidade de mais de um milhão de pessoas. O grego era a língua falada nessa cidade. Na tradução para o grego, esses judeus acrescentaram outros livros, considerados por muitos também inspirados.
A Septuaginta contém todos os livros da Bíblia hebraica, segundo o Sínodo de Jâmia, mais aqueles considerados apócrifos: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.
Para os Apóstolos, ao usarem a Bíblia em língua greja, a consideravam inspirada, destacando a canonicidade (inspiração sagrada) dos livros rejeitados em Jâmia pelos fariseus.
No Novo Testamento há 350 citações do Antigo Testamento. Destas, 300 são da Septuaginta. Dos livros que foram rejeitados pelos fariseus, tem-se as seguintes citações no N.T.:
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Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9;
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Rom 13,1 a Sb 6,3;
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Mt 27,43 a Sb 2, 13.18;
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Tg 1,19 a Eclo 5,11;
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Mt 11,29s a Eclo 51,23-30;
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Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42;
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Ap 8,2 a Tb 12,15.
A organização do Cânon não foi tão fácil. Apesar das dificuldades geográficas e tecnológicas, a Igreja conseguiu unir os principais centros da fé Católica, a saber, Antioquia, Alexandria, Constantinopla, Jerusalém e Roma, num só objetivo e prática da mesma Palavra de Deus. As dúvidas surgidas entre os séculos II e IV sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus não impediram um estudo mais profundo e fiel, capaz de se determiner quais livros são autenticamente inspirados.
Com a dúvida levantada pelo sínodo de Jâmnia, alguns cristãos passaram a questionar a inspiração divina dos livros deuterocanônicos. Os Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397) e IV (419), e Trulos (692), bem como os Concílios Ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870), confirmaram a validade dos deuterocanônicos do Antigo Testamento, baseando-se na autoridade dos Apóstolos e da Sagrada Tradição.
Da mesma forma como existem livros deuterocanônicos no Antigo Testamento, também o Novo Testamento contém livros e extratos que causaram dúvidas até o séc. IV, quando a Igreja definiu, de uma vez por todas, o cânon do Novo Testamento. São deuterocanônicos no Novo Testamento os livros de Hebreus, Tiago, 2Pedro, Judas, 2João, 3João e Apocalipse, além de alguns trechos dos evangelhos de Marcos, Lucas e João.
Com o advento da Reforma Protestante, os evangélicos - a partir do séc. XVII1 - passaram a omitir os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento. Alguns grupos mais radicais chegaram - sem sucesso - a tentar retirar também os livros deuterocanônicos do Novo Testamento. É de se observar, dessa forma, que caem em grande contradição por não aceitarem os deuterocanônicos do Antigo Testamento enquanto aceitam, incontestavelmente, os deuterocanônicos do Novo Testamento.
Objeções protestantes[9]
Os protestantes procuram justificar sua posição, acusando os livros deuterocanônicos de ensinar heresias; assim, por exemplo:
1) a remissão dos pecados mediante a esmola e Tb 4,10; 12,9; Eclo 3,33. Essa prática, dizem nega a eficácia redentora do sacrifício de Cristo.
A propósito observamos: o sacrifício de Cristo é posterior a tais práticas caritativas. O livro dos Provérbios (10,12) propõe a mesma tese; seria, por isto, necessário eliminá-lo do cânon?
O Novo Testamento ensina a mesma doutrina; ver Mc 9,41; Lc 11,41. Jesus confirma o valor das esmolas juntamente com outras formas de caridade. Ver Mt 6,2: “Quando deres esmola, não faças como os hipócritas...” Cf. 1Pd 4,8; At 10,31.
2) a vingança e o ódio dos inimigos em Eclo 12,6 e Jt 9,4, contradizendo Mt 5,44-48 (“orai por vossos inimigos”). – A respeito vale a pena lembrar que o Eclo pertence ao Antigo Testamento, onde estava em vigor a lei do talião, apresentada em Ex 21,24; Lv 24,20; 19,19-21.
3) a prática do suicídio em 2Mc 14,41. – A propósito vem o caso de Sansão que se suicida; vêm ainda Jz 9,54; 16,28s; 1Sm 31,4s; 2Sm 16,23. Deveriam tais passagens ou tais livros ser eliminados do cânon por causa do crime que narram?
4) ensino de artes mágicas em Tb 6,8s. – A respeito observamos em Tb 8,3 que não é Tobias quem expulsa o demônio, mas é o anjo Rafael. Havia interesse em ocultar a Tobias ação do anjo. Mais: em Jo 9,6, Jesus cura o cego usando saliva. Em Tg 5,14 há a instrução referente ao uso do óleo para aliviar os enfermos. Seriam práticas mágicas? Não. São primícias dos sacramentos.
5) Prática da mentira em Jt 11,13-17 e Tb 5,15; 19. – Ora, no Antigo Testamento lê-se que Abraão mandou sua esposa Sara mentir, dizendo ela que era irmã dele; cf. Gn 20,21. Mais: Jacó, auxiliado por sua mãe, mente ao pai cego dizendo-lhe que era Esaú, o filho mais velho; cf. Gn 27,19. Jacó também enganou o sogro; conforme Gn 31,20. Será que por causa de tais casos, o livro do Gênesis deveria ser retirado do cânon?
Quanto a Judite, ela agiu durante uma guerra e disse inverdade ao chefe do acampamento oposto, das quais este devia desconfiar, tendo-a como provável espiã; Holofernes, porém, deixou-se fascinar pelos artifícios utilizados pela mulher estrangeira. A culpa foi dele, que acabou degolado.
6) Erros históricos cronológicos. O gênero literário dito “midrache” era muito usual entre os judeus; comporta certas imprecisões historiográficas a fim de mais realçar o significado teológico do evento relatado. Ocorre também nos livros protocanônicos; tenha-se em vista, por exemplo, Mt 1,1-17, texto em que o Evangelista apresenta Jesus como filho de Abraão e de Davi mediante 42 gerações, que vão de Abraão a Jesus. Essas quarenta e duas gerações são dividas em três segmentos de quatorze nomes cada um. Com este artifício o evangelista queria dizer que Jesus é Davi por excelência ou três vezes Davi; com efeito 14 é a soma das três consoantes que compõem o nome Davi; tais consoantes tinham valor numérico: D=4 e V=6; donde 4+6+4 = 14. Era mais interessante ao autor sagrado manifestar o papel messiânico de Jesus mediante tal artifício do que contar exatamente quantas gerações se interpunham entre Abraão e Jesus. – Ora o uso do midrache não tirou ao Evangelho de Mateus a sua canonicidade, como não a tira aos deuterocanônicos.
Deuterocanônicos e o Novo Testamento
Alessandro Lima aponta ainda algumas passagens do Novo Testamento que aludem a textos deuterocanônicos. Assim:
Hb 11,35 menciona “mulheres que reencontraram seus mortos pela ressurreição”. Quem seriam essas mulheres?
- Poderíamos responder citando a viúva de Sarepta, cujo filho ressuscitou por intermédio do profeta Elias (1Rs 17,17-23) e a sunanita, cujo filho foi ressuscitado por intercessão de Eliseu (2Rs 4,8-37). Trata-se, porém, de dois casos isentos de tortura e perseguição, ao passo que Hb 11,35 se refere a um clima de violência contra os irmãos macabeus que foram torturados e martirizados por não quererem renegar a sua fé, certos de que Deus lhes daria a graça da ressurreição. É, pois, aos macabeus em 2Mc 7,1-40 que Hb se refere.
Ainda é de notar que a carta aos hebreus foi escrita aos judeus da Palestina – o que demonstra que a versão da LXX também era familiar aos habitantes da Terra Santa.
Ap 8,2-5 alude a “sete anjos que assistem diante de Deus... A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos diante de Deus” – O pano de fundo desta visão está em Tb 12,12-15. Com efeito diz o arcanjo Rafael a Tobias: “Quando enterrava os mortos, eu apresentava tuas orações ao Senhor. Eu sou Rafael, um dos sete que assistem na presença do Senhor” (Tb 12,12s).
Em Lc 23,35.37.39 e em Mc 15,15-19 os escárnios e zombarias proferidos contra Jesus têm seu pano de fundo literário em Sb 2,13-21.
Fatos escabrosos nos protocanônicos
Além do mais, faz-se necessário notar que nos livros protocanônicos do Antigo Testamento mesmo há o registro de fatos escabrosos, que não invalidam a canonicidade destes livros; apresentam a miséria humana a fim de mais salientar a misericórdia divina. Eis alguns tópicos:
Em Gn 19,30-36 as filhas de Lot embriagam seu pai para ter relações sexuais com ele[10]. Um texto que procura humilhar os Moabitas (politeismo e sacrifício humano – 2Rs 3,26-27). Por causa disso, rejeitado por Israel até a decimal geração (Dt 23,3-4). Também os amonitas, assim como os moabitas, inimigos de Israel na fé, na política e nas guerras.
Em Gn 16,15 Abraão tem um filho com sua serva Agar.
Em 1Sm 28 Saul consulta uma pitonisa ou uma necromante.
Em 2Sm 11,1-21 Davi planeja a morte de seu general Urias para poder ficar com a mulher dele.
Estas considerações permitem repetir que nenhum critério usual entre os homens se aplica à escolha dos livros sagrados. Esta é obra do Espírito Santo.
O protestantismo, que professa seguir somente a Tradição escrita (a Bíblia), começa sua história recorrendo à Tradição oral; depois disto cai em contradição, rejeitando a Tradição oral, que vive e fala na Igreja assistida pelo Espírito Santo.
Lutero encabeçou o seguimento religioso, que por inimizade à Igreja Católica, preferiu o cânon dos fariseus, nacionalistas e inimigos dos cristãos. Sem critério algum, optaram pelo A.T hebraico, desconhecendo o uso apostólico dos livros por eles rejeitados, inclusive: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.
Livros tidos como não inspirados
APÓCRIFO:
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Livro oculto, escondido, secreto, aquele não lido nas assembleias públicas de culto. Sua leitura é de cunho particular. Não era usado oficialmente na liturgia e no ensino.
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É importante como fonte de informação sobre a forma de pensar dos católicos e judeus um pouco antes e um pouco depois de Cristo.
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Trazem informações sobre sentenças heréticas: mistura de princípios da lei mosaica com a doutrina cristã. Surgem os EBIONITAS (vem do hebraico ebiyôn = pobre, primeira bem-aventurança) para quem Jesus não era Deus, mas o fiel cumpridor da lei, o Messias esperado. Eles se consideravam os fiéis praticantes das bem-aventuranças.
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Outras heresias decorrem das ideias predominantes nos meios cultos daquela época. A principal foi o gnosticismo, uma tentativa de aproximação do cristianismo com a filosofia grega. Gnose (gnôsis) quer dizer conhecimento. O gnosticismo se apresentava como sendo o profundo conhecimento de Deus, do mal e da salvação. Entendia a perfeição como fusão da alma com a divindade.
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Uma outra forma de heresia era o docetismo (vem de dókesis = aparência). A encarnação de Cristo teria sido só aparente, porque a matéria é um mal absoluto. Jesus, sendo Deus, não podia padecer nem morrer.
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Cl 2,8: “ Tomai cuidado para que ninguém vos escravize por meio da filosofia, vã e sedutora, que se baseia na tradição humana e nos elementos do mundo e não em Cristo”. Em 1Tm 6,20-21: “Ó Timóteo, guarda o depósito, evitando as ímpias e vãs disputas e as contestações da falsa ciência. Alguns, por segui-las, desviaram-se da fé”.
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Através das narrativas, apresentam ideias teológicas fundamentais.
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Refletem as convicções vigentes naquela época e contém elementos da fé cristã: a divindade de Cristo e a Virgindade de Maria; a descida de Cristo aos infernos e a Assunção de Maria.
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Possuem esclarecimentos para a história da teologia e da Igreja.
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Trazem os nomes dos pais de Maria, Joaquim e Ana.
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Narram a Apresentação de Maria no templo; a morte de São José, assistido por Jesus e Maria; a morte de Maria, tendo os apóstolos em torno do leito; o nascimento de Jesus numa gruta e a presença do boi e do jumento; o nome dos três reis magos; o nome de Longino, o soldado romano que traspassou o lado de Jesus com a lança, a história de Verônica e do seu véu, etc.
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Narram diversos fatos da vida de Jesus e muitos milagres por ele realizados, que não foram colocados nos livros canônicos, podem ser considerados autênticos.
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Jo 20,30: “Fez Jesus, em presença de seus discípulos, muitos outros milagres que não estão neste livro”. Mt, Mc e Lc falam de muitas curas e milagres, em diversas oportunidades, sem, contudo, registrá-los separadamente.
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A existência de “ágrafos” mostra que os evangelhos não registraram exaustivamente todas as palavras de Jesus.
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Dois apócrifos do AT são citados na epístola de Judas: a “Assunção de Moisés” (Jd 1,9) e o “Livro de Henoc” (Jd 1,14.15).
ÁGRAFOS:
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Não escrito (ágrapus)
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Palavras ou frases avulsas, proferidas por Jesus e que não se encontram nos Evangelhos canônicos, mas se encontram em outros livros do NT.
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At 20,35: “Em tudo eu vos mostrei que é trabalhando assim que devemos sustentar os fracos, recordando-nos das palavras do Senhor Jesus, que disse: ‘Há mais felicidade em dar do que em receber’”.
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Decorrem de pequenas modificações de textos canônicos.
PSEUDOEPÍGRAFUS – “falso título, escrito, inscrição, epígrafe”. 1. Os protestantes chamam de pseudoepígrafos os livros que a Igreja Católica chama de apócrifos.
Citações do Antigo Testamento no NT
No Novo Testamento há 350 citações do Antigo Testamento. Destas, 300 são da Septuaginta. Dos livros que foram rejeitados pelos fariseus, tem-se as seguintes citações no N.T.:
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Rm 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9;
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Rm 13,1: “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus” - Sb 6,3: “O domínio vos vem do Senhor e o poder, do Altíssimo…”.
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Mt 27,43: “Confiou em Deus: pois que o livre agora, se é que se interessa por ele! Já que ele disse: Eu sou filho de Deus” - Sb 2, 13.18: “Declara ter o conhecimento de Deus e se diz filho do Senhor; (…). Pois se o justo é filho de Deus, ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários”.
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Tg 1,19: “(…). Que cada um esteja pronto para ouvir, mas lento para falar e lento para encolerizar-se; (…)” - Eclo 5,11: “Sê pronto para escutar, mas lento para dar a resposta”.
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Mt 11,29s: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrarei descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve” - Eclo 51,23-30: “Aproximai-vos de mim, ignorantes, entrai para a escola (…). Abro a boca para falar: comprai-a sem dinheiro, colocai o vosso pescoço sob o jugo, recebam vossas almas a instrução (fardo), ela está perto, ao vosso alcance. Vede com os vossos olhos: como estou pouco cansado para conseguir tanto repouso. Comprai a instrução a preço de muito dinheiro, graças a ela ganhareis muito ouro. Que a vossa alma encontre sua alegria na misericórdia do Senhor, não vos envergonhareis de o louvar. Fazei a vossa obra ants do tempo fixado, e no dia fixado ele vos dará a vossa recompensa”.
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Hb11,34: “(…), estinguiram o poder do fogo, escaparam do fio da espada, recobraram saúde na doença, mostraram-se valentes na guerra, repeliram os exércitos estrangeiros” - 2 Mac 6,18 “; 7,42; Ap 8,2: “Vi então os sete Anjos que estão diante de Deus: deram-lhes sete trombetas” -
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Tb 12,15: “Eu sou Rafael, um dos sete anjos que estão sempre presentes e têm acesso junto à Glória do Senhor”.
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Obs.: Os livros Dn, Lc, Tb e Jd mencionam três nomes de anjos: Dn 8,16; 9,21 e Lc 1,19: Gabriel; Dn 10,13.21; 12,1 e Jd 9: Miguel; Tb 3,17; 12,15: Rafael. No Ap há uma ligação com Tb na citação dos sete anjos (8,2). Os apócrifos completam a lista dos sete de modo fantasioso (cf. Bíblia de Jerusalém, citação (e) de Tb 12,15).
Critérios para o cânon do Novo Testamento – sec. IV
1. Autoria – o autor deveria ser um apóstolo ou alguém credenciado por um apóstolo.
2. A doutrina do livro deveria ser coerente com a dos apóstolos.
3. O uso majoritário – a maioria das igrejas primitivas deveria ter usado o livro em suas reuniões: Jerusalém, Alexandria, Antioquia, Constantinopla e Roma.
4. O período (época) em que foram escritos – os livros canônicos foram todos escritos no primeiro século.
5. A inspiração – os livros deveriam motivar as pessoas à santidade e à transformação de vida;
Os mais antigos Padres da Igreja
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São Clemente de Roma, o quarto Papa, no ano de 95, escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.
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Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e de Macabeus II;
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Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.
O que dizem os Concílios: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692).
Bem, existe um documento chamado "Cânon de Muratori"[11] (descoberto pelo sacerdote italiano Ludovico Antonio Muratori no séc. XVIII), o original desse documento data do ano 150 DC, ou seja, século II, o mais importante desse documento é que ele cita alguns livros que eram lidos nas comunidades Cristãs da época e cita alguns livros que hoje temos como canônicos, porém ele cita alguns livros que não temos nem conhecimento de seu conteúdo, mas que na época era lido nas comunidades Cristãs.
O primeiro cânon com a exatidão de livros foi definido nos concílios regionais de Hipona e de Cartago com total aprovação de Roma. Não há outro registro de um cânon definido universalmente antes desses concílios.
Concílio de Hipona, 08.Out.393
“Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12".
Concílio de Cartago III (397) e Concílio de Cartago IV (419)
"Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João12. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja".
Lembrando que Sabedoria e Eclesiásticos estavam contidos nos cinco livros de Salomão e a carta de Baruc estava junto com Jeremias e lamentações.
Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.
No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje.
Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8). Se negarmos o valor indispensável da Igreja Católica e de sua Sagrada Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. Note que os seguidores de Lutero não acrescentaram nenhum livro na Bíblia, o que mostra que aceitaram o discernimento da Igreja Católica desde o primeiro século ao definir o Índice da Bíblia. É interessante notar que o Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a São Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
BIBLIOGRAFIA
Dicionário Enciclopédico da bíblia, Editora Vozes, 1992.
Dicionário de Teologia Fundamental, editora Vozes e Santuário, 1994.
STRABELI, Mauro. Bíblia: perguntas que o povo faz. São Paulo, PAULUS, 1991.
TREVIJANO, Ramón. A Bíblia no cristianismo antigo. São Paulo, Ed. AVE-MARIA, 2009.
[1] Dicionário Enciclopédico da bíblia, Editora Vozes, 1992, pp. 232-233.
[2] Idem, 233.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] Dicionário de Teologia Fundamental, Editora Vozes e Santuário, 1994, pp. 122-123.
[6] Fonte: http://www.acidigital.com/Biblia/idomas.htm
[7] Reconstruído entre 535 e 521 a.C.
[8] Palavra de origem grega (Φιλολογία = "amor ao estudo, à palavra"), significa estudo da linguagem em fontes históricas diversas.
[9] Fonte: PR ano XLVIII, julho 2007. No. 541. Pgs 306-312
[10] “Esta narrativa trata da ascendência dos vizinhos dos israelitas, que reconheciam ter com eles certo parentesco, mas que, mesmo assim, eram seus inimigos e impedidos de se tornar membros da comunidade da aliança (Dt 23,4). É provável que originalmente a história fosse contada em louvor dos ancestrais que tomam providências extremas para assegurar a continuação da linhagem familiar. Com certeza, eles não se envergonham de seus atos, pois seus filhos ostentam orgulhosamente nomes que falam de seus feitos: Moab (‘De meu pai’) e Amon (‘Filho de minha consanguinidade’). O javista inclui a história a fim de depreciar a ascendência dos inimigos tradicionais de Israel” (BERGANT, Dianne & KARRIS, Robert J., Comentário Bíblico. São Paulo, Edições Loyola, 1999, p. 74). Segundo Frei Mauro Strabeli, trata-se de um episódio não real, portanto não histórico; “é brincadeira de mau gosto e ofensa feita pelos israelitas aos moabitas e aos amonitas (...). Foi o modo literário que os israelitas encontraram para ofenderem e insultarem seus vizinhos moabitas e amonitas (tribo aramaica). A história, inventada, toma por base o significado das palavras MOAB e AMON. Moab, em hebraico, significa ‘saído do pai’ e Amon significa ‘filho de meu parente’. A história faz então um trocadilho com esses nomes. Trocadilho ofensivo e humilhante” (STRABELI, Mauro. Bíblia: perguntas que o povo faz. São Paulo, PAULUS, 1991, pp. 48-50).
[11] É o documento mais antigo que existe sobre o cânon bíblico do Novo Testamento, escrito por volta do ano 150, indica o nome de Pio, bispo de Roma de 143 à 155, irmão de Hermas, autor de ´O Pastor´. É um manuscrito do séc. VIII, cópia do original, descoberto pelo sacerdote italiano Ludovico Antonio Muratori no séc. XVIII. O manuscrito encontra´se mutilado no início e no fim, mas permite distingüir quatro espécies de livros:
1. Os que são lidos publicamente na Igreja.
2. Os que algumas pessoas querem que sejam lidos publicamente na Igreja.
3. Os que são lidos particularmente.
4. Os que devem ser desprezados.